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quinta-feira, 28 de maio de 2009

“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no universo… Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura.” (Fernando Pessoa)
Aproveitando a passagem do 11º aniversário da fundação desta colectividade, no passado dia 23 de Maio foi inaugurado o edifício da respectiva sede, erguido na Rua do Castelo.

Para a inauguração, foram convidados sócios e benfeitores e, numa simples mas emotiva cerimónia, o presidente da Assembleia Geral da Associação, José Alberto Velha Grifo, começou por agradecer à população e a todos quantos contribuíram para que a construção da sede fosse uma realidade, salientando o fundamental apoio dado pelo Município de Vila Nova de Foz Côa sem o qual não seria possível levar por diante todo o projecto. Emocionado, reafirmou ainda o entusiasmo de sempre e foi dizendo que “agora, com casa própria, a nossa responsabilidade é ainda maior e tudo faremos para que esta casa não seja uma obra de fachada mas uma mais-valia para a terra, mais um motivo para que todos nos unamos à volta de um único objectivo - As Mós”.
Por sua vez, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, Dr. Emílio Mesquita, elogiando a freguesia pelo usufruto da qualidade e da quantidade de acções culturais levadas a efeito pela Associação de Cultura e Recreio “As Mós”, enalteceu a capacidade e honestidade dos elementos que a dirigem e foi dizendo que “face ao trabalho desenvolvido por esta colectividade nos seus onze anos de vida associativa e pela envolvência com a população, o Município mais não fez que a sua obrigação”.
Para finalizar a cerimónia e antes da visita às instalações do andar de cima, o Presidente da Câmara foi convidado pelo Presidente da Direcção, António Fernando Bichança Diogo, a descerrar uma placa alusiva ao acto.
Na sala grande do 1º Andar, estava em exposição uma colecção de miniaturas reproduzindo minuciosamente algum património construído e aspectos quotidianos da aldeia, que o mosense Aristides Fernandes habilidosamente executou e ofereceu à Associação para fazer parte do futuro museu.
À noite, e na continuidade do serviço público de excelência a que a colectividade já nos habituou, foi oferecida a toda a população uma memorável noite de teatro com a peça “Não se Paga! Não se Paga!” Uma divertida comédia de Dario Fo representada superiormente pela OFITEFA - Oficina de Teatro de Favaios.
Para os menos atentos convém lembrar que Dario Fo, em 1997, foi laureado com o prémio Nobel da Literatura, por ter produzido uma «obra que rivaliza com os gracejadores da Idade Média e que defende a dignidade dos reprimidos», denotando uma forte preocupação com os problemas da sociedade contemporânea.

Meritório agrupamento de mosenses

Em pouco mais de cinco anos, um pequeno conjunto de mosenses, reunindo muitos esforços e desvelos, com alguma ajuda da Câmara Municipal, deram corpo a um projecto de autoria do Eng.º José Paixão.
Este meritório agrupamento de mosenses fora instituído em 18 de Maio de 1998. Durante os 11 anos já decorridos, os seus fundadores, actuando sempre unidos como os dedos das mãos, têm conseguido alcançar o desígnio fundamental que levou à sua criação e que consiste em propiciar à população residente momentos de recreio ou divertimento e, complementarmente, organizar outros eventos que permitam encontros dos residentes com os ausentes e amigos das Mós. Estes sempre muito bem organizados e dignos do secular encontro que anualmente acontece na Festa em honra de Nossa Senhora da Soledade.
Seria pura estultice pormenorizar aqui todos os eventos organizados no decorrer destes onze anos. Mas resumidamente, vejamos algumas das muitas acções de recreio já concretizadas: meia dúzia de passeios de autocarro e de barco, magustos e almoços, festas com bailes, jogos tradicionais, tiro aos pratos, sete passeios pedestres e várias participações no desfile etnográfico na “Festa da Amendoeira”, etc.
Quanto aos referidos encontros, já foram realizados seis: dois, em Ermesinde; dois, em Mogofores; um, em Lisboa e o “Encontrão” das Mós. Nos últimos três encontros foram prestados tributos a quatro personalidades que se haviam distinguido por serviços prestados à comunidade mosense, incluindo a homenagem a título póstumo ao Dr. Joaquim Castelinho.
Em alguns destes eventos a Associação pôde contar, tal como outras instituições do concelho; com o apoio do Município. Mas eles só foram possíveis graças a inteira disponibilidade dos dirigentes locais, que além de tempo e desvelos de todos, alguns ainda têm doado parte das compensações que lhes são atribuídas como membros da Junta de Freguesia. Por tudo isto eu lhes chamei e chamarei: “Os exemplares autarcas das Mós”.
No que concerne a actividades essencialmente culturais, além da preciosa colaboração do autor do visitadíssimo “blog dAsMós”, têm contado, também, com as capacidades criativas e recreativas de alguns sócios e amigos da Associação, como ficou demonstrado na “Exposição de Espantalhos”, que com a exibição e o concurso realizados no Terreiro, nas Mós, no fim-de-semana da Páscoa de 2007, tão significativo êxito alcançaram, que a maioria desses espantalhos passou a ficar exposta em algumas das principais artérias da cidade de Foz Côa.
Grandes capacidades criativas e recreativas foram evidenciadas, também, em Setembro de 2004, no extraordinário evento cultural que, começando por ser modestamente anunciado como “1ª Mostra de Artesanato Local”, acabou por superar tão largamente as expectativas, pelo que ficou registado na memória histórica das Mós como “Exposição de Arte e do Artesanato Local”. Este terá sido, talvez, o maior acontecimento cultural alguma vez realizado nesta multissecular povoação.
Acabadas as mais avultadas despesas e preocupações com a construção da sede, poderemos ter esperança de ver, num futuro próximo, alguns dos novos espaços ocupados com uma exposição semelhante a esta de tão boa memória?

José Gomes Quadrado e Carlos Pedro

quarta-feira, 13 de maio de 2009